terça-feira, 21 de outubro de 2014

Cães e o ciclo da vida: uma reflexão


Este post foi ao ar no dia 08/08/2012, no blog Garotas Modernas, escrito pela mamis e reproduzido na íntegra por aqui:



Jet (saudades eternas) e Jorge

Há pouco tempo coloquei um cão que eu cuidava na rua pra dentro do quintal, por conta de um atropelamento. É um cão muito novo, segundo a veterinária, Darci tem cerca de 8 a 10 meses, um jovem fanfarrão que, apesar de já ter sofrido o abandono e dois atropelamentos, estar com o fêmur fraturado, ainda mantém o espírito jovem e brincalhão, apropriado pra idade dele. Farei outro post sobre o Darci, um fofo-querido, que está pra adoção aqui em Floripa. Em contramão à juventude dele, aqui em casa temos o Seu Jorge, adotado em 2009 quando tinha em torno de 14, 15 anos. Foi um resgate de uma protetora que tinha dezenas de cães e me ofereci para dar um conforto a ele no “finalzinho de sua vida”, já que eu só tinha 4 animais em casa. E até hoje nosso Highlander está aqui conosco.


Ele está com a saúde em dia, fora os males da idade: cegueira, surdez, dentinhos fracos, vários faltando, artrose e muita “caduquice”. Tentamos alguns remédios geriátricos, mas ele não se adaptou e preferimos aceitá-lo como ele é, cheio de “manias” da idade. Ele anda em círculos, faz necessidades sem perceber, fica “preso” em cantos da casa, “cai de maduro” e outras caduquices. Mas seus exames deram tudo ok, ele come bem e caminha muito. Acho que esse é o segredo da longevidade dele: caminhar. É o dia todo, não pára um minuto, devagar e sempre. Tira uma soneca depois do almoço e caminha mais depois, em círculos pequenos dentro de casa e grandes no quintal. Muitas vezes ele se agita tanto que não quer nem dormir. E esses dias descobri uma coisa que o acalma muito nessas horas, um pouco antes de dormir: colocá-lo deitado na minha barriga. Simples assim: deito na cama ou no chão, coloco ele em cima da barriga e é instantâneo, ele dorme profundamente. Acho que ele sente a segurança, ouvindo meu coração, respiração, o calor... vai saber!

Algumas vezes o Jorge cai durante sua caminhada e fica deitado. Darci em sua 
ingenuidade infantil, sempre vai imitar ele, deitando do lado. É muito amor, né?

Tudo isso me fez pensar no ciclo da vida: começamos bebês e voltamos a sê-lo. Um cão como o Darci, que nem é mais um bebê, tem que ser vigiado toda hora, pois destrói chinelos, rouba roupas de dentro de casa, rói tudo. Quando mais bebê, temos que dar comida na boca ou deixar mamar, faz necessidades descontroladamente, age de forma impulsiva e sem muito nexo, precisa gastar energia. Tirando o fator saúde – o corpo gasta! -, qual a diferença? É o tal do “nascemos desdentados e carecas e morremos da mesma maneira”. Jorgito agora é um bebê, que tem que ser vigiado constantemente, não pode ser deixado sozinho por um longo período de tempo, temos que dar comida na boca pra ele saber onde está (creio que perdeu o olfato também), dormir de fraldas pra evitar lavar caminhas sempre e cair sobre as necessidade etc. Não lembro de ter nenhum cão idoso neste ponto: meu amado filho eterno Jet se foi por complicações de cruza “mal feita” (mesmo com pedigree) e herdou a demodécica de sua mãe, nos deixando de falência renal aos 11 anos; Mob, um pinscher comprado (na época não tinha consciência da adoção), teve também consequência de cruzas entre parentes, morreu precocemente de câncer; Gato, que se foi aos 5 anos, alguns dias depois do Jet, com um tumor inexplicável no estômago; Sanny, minha viralatinhas da infância, se foi envenenada pela maldade humana. Lembro ainda do pinscher da minha avó, o Balú, que morreu bem velhinho, mas com pique total, teve que ser sacrificado pois entrou numa briga e não tinha jeito de fazer cirurgia na época, na idade dele. Enfim, eis o meu primeiro idoso em fase avançada que, apesar de todo trabalho diário que nos dá, nos ensina muito, muito.

Em 2010, Jorge ensinava às crianças da creche e seus pais o respeito 
pelos animais, a adoção, castração e o tratamento ao animal idoso

E sorte de quem consegue completar esse ciclo e até ultrapassá-lo, com certo conforto e sem dor. A lucidez? Essa só quem tá de fora que se incomoda. Para um cão ainda, as coisas não precisam fazer tanto sentido como pra nós! Se não há dor, há conforto, carinho e amor, acho que a vida se completa de modo digno e como tem que ser. Vida longa à esses seres angelicais!


(Termino este post ouvindo os passinhos dele na grama ♥)


Não cheguei a conhecer o Jet, mas tem várias coisinhas dele pela casa e mamis disse que ele que começou com essa loucura dela por cachorros. Então só tenho a agradecer por este peludo aparecer na vida dela. O Jorge foi meu companheirão desde o dia que entrei aqui. 

Em breve mamis conta a história do Jet também :) 

Lambeijos! :*

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