quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Buenos Aires e seus cães – uma impressão pessoal




♥ Com a palavra, mamis:

Passamos 4 dias, semana passada, em Buenos Aires e não pude deixar de registrar todos caninos e felinos que passaram pelo nosso caminho, por paixão e, também, por ser muito diferente de onde moramos, em vários aspectos. Passeie com a gente: 


Primeira parada, uma homenagem à nossa Luninha, logo no começo do caminho


Ficamos hospedados no bairo Microcentro, que é o centro da cidade, com bancos, restaurantes, lojas, monumentos e muitos escritórios. Por lá, devido ao movimento intenso de carros e pedestres e, também, por não ser um bairro residencial, vimos poucos cães e gatos. 


O que me surpreendeu foi que esses cães andam com seus tutores, em sua maioria, sem guia, na avenida 9 de Julho, que é enorme e movimentada. Mesmo assim, os poucos que vi, seguem seus donos cegamente. Em nenhum momento vi algum tentando atravessar a rua sem o dono, todos esperando, sem comando e sem guia. Esse pastor enorme, por exemplo, estava com uma moça que tinha mais dois virinhas, todos sem guia. Me aproximei dele e tentei chamar sua atenção, mas ele não me deu a mínima. Abriu o sinal para pedestre (que faz tipo um assovio de passarinho) e ele foi correndo ao encontro de sua dona, que já atravessava a rua com os outros dois. E a “rua” que eu falo, tem 6 pistas pra ir e 6 pra voltar mais duas pistas de ônibus. Eu não teria coragem, não acho pudente, mas parece que lá é bem comum. 


Passeadores de cães são muito comuns por lá, diferente daqui. Este, no bairro San Telmo, esperando mais um cliente. 


É comum ver cães amarrados fora de estabelecimentos, esperando seus donos. Outra prática que eu morro de medo por deixar o cão a mercê de qualquer um. Este cão era dócil, mas, pra variar, não me deu muita bola também


Enquanto visitávamos Puerto Madero, avistei esse cão solto, mas logo vi que era desse rapaz, que passeava com outro na guia. Logo no primeiro dia notei que a maioria dos cães são sem raça definida, mas quase nenhum dos machos castrados.




E achava que tinha encontrado o paraíso na Plaza San Martin, no bairro Retiro: um dog park! Mas logo fiquei sabendo que não poderia entrar. Abri o portão, uma moça muito rude disse que eu não poderia entrar. Aí fui procurar placas de regras do parque, já que estava numa praça pública. Notei que só duas pessoas estavam lá, com dezenas de cães. Na falta de placas, perguntei à moça e ela disse que era uma cuidadora de cães e que eu só poderia entrar se tivesse um cão também, o que me pareceu mais um “não atrapalhe meu trabalho”. Ok. Aceitei, mas fui esmagar os cães por fora do cercado, como toda boa Felícia faria.


Alguns cães ficavam presos com guias aos muros, outros ficavam dormindo e outros brincando. Apesar de notar que os machos não eram castrados, que alguns trepavam nos outros, outros chamavam pra brincar, alguns se irritavam, não vi nenhuma briga em momento nenhum. Mas não achei muito divertido e as duas pessoas que estavam com eles eram extremamente grosseiras e mau humoradas, inclusive com os cães.


Na vitrine de uma loja.


Fiquei impressionada com a quantidade de cães que cada passeador leva e com o comportamento deles, todos focados na caminhada, sem sair da vibe do pack. Vi que eles param com eles nos parques, que são enormes e cercados, e soltam aqueles que não são agressivos pra brincar e, os cães não saem de perto do cuidador, mesmo passando outros cachorros ou pessoas. Um ponto negativo são as fezes, que a maioria não junta pois não vêem ou ignoram.


Uma dupla de cuidadores que estava com uns dez cães, finalmente foi simpática comigo e deixou eu me aproximar. Só sentei perto da matilha e deixei que os que quisessem se aproximassem. Entendo o trabalha do cuidador pois fiz isso por quase 3 anos nos EUA, mas jamais fui antipática ou pouco solícita com pessoas que vinham abordar “meus” cães na rua ou em parques. Pelo contrário: é motivo pra puxar conversa e trocar ideias. Mas me parece que lá, poucos pensem assim, talvez porque estão trabalhando e não são seus cães. 


No fundo, outro grupo de cuidadores com seu pack. Esse boxer veio apenas latir para mim e voltou ao pack, enquanto eu estava com os primeiros. 


Vi vários “Jets”, Jack Russel Terrier, uma das raças predominantes por lá. O coração ficou esmagadinho de saudades! ♥


Aqui já é na Plaza Francia, em frente ao cemitério Recoleta, onde a maioria caminhava com seus donos. Esses que acarinho na foto abaixo, eram dessas duas cuidadoras que estavam de papo e me agradeceram por ficar jogando a bolinha pra eles.


No Cementerio de La Recoleta, dizem, tem vários gatos que moram lá, mas só encontrei essa lindinha, bem na hora que achei o túmulo que eu queria visitar, da jovem Liliana e seu fiel amigo Sabú. Dizem que ela morreu tragicamente em sua lua de mel, em outro país, e que, imediatamente o cão sentiu e veio a falecer. Dizem também que tocar o nariz do Sabú traz sorte àqueles que amam os animais. Quem me conhece sabe que não sou a mais emotiva das pessoas, mas quando li a mensagem aos pés do cão, pensei imediatamente no meu querido Jet, em como eu gostaria que ele estivesse comigo e me emocionei. Linda homenagem, que está toda em italiano, escrita pelo pai da moça.


Essa fofa trazia a bola, colocava dentro da poça e pedia pra eu jogar. E eu enfiava a mão na poça e jogava, né? Seu dono sorria e acompanhava de longe.


A maioria dos restaurantes, salvo no centro, tem área externa e com placas dizendo que os amigos de pêlos são “benvenidos”.


Fomos visitar o Jardim Japonês, na Plaza Sicilia, e confesso que não achei nada demais. Carpas gordas e enormes no laguinho e gatos magros, não castrados e carentes na entrada. Esse estava desesperado por carinho (ou comida)


Muitos idosos com seus cães, passeando e vivendo, nos parques e cafés.


Essa foto da mão vazia, é justamente pra mostrar o desinteresse geral dos cães argentinos por humanos. Eu os chamava, eles vinham um pedaço e voltavam ou não me davam a mínima bola. Obviamente que em um ambiente enriquecido, cheio de plantas e outros animais pra brincar, eles ficam mais dispersos, mas percebi que eles não são “dados” ou curiosos como a maioria dos cães brasileiros e prestam muita atenção em seus tutores. Bom pra eles, ruim pra mim


Esse simpático passeador arrumou um jeito de passear com vários ao mesmo tempo. Visto que a maioria para nos parques e fica a manhã ou tarde toda, achei bem criativa e a ideia.


Anúncio no Jardim Botânico, onde vimos muitos gatos que pareciam muito mal cuidados, apesar de ver ração em todo canto. Como não são castrados, deve rolar muita briga por fêmeas e território, além das doenças comuns em gatos de rua.


Único parque que vimos onde não podia acesso de animais. Acho justo, visto que tem vários no mesmo entorno.



Voltando ao centro, mais cães sem guia. Aqui era domingo, ao menos, com bem menos carros. 

Resumindo, vimos cães felizes e bem cuidados, tratados mais como cães do que humanos, como acontece muito no Brasil. Pouco frufru, pouca coleira de marca e lacinhos, mais passeios e brincadeiras. Vimos apenas UM cão de rua, que parecia ser de rua. Todos os outros estavam acompanhados de humanos, inclusive um com um mendigo, que parecia muito bem tratado. O porém vem da questão da castração. Apesar de termos visto somente um cão de rua, ficamos na área central e turística da cidade, que não deve refletir a realidade. Com tanto cães inteiros, onde vão parar seus herdeiros? Não sei como é feito o controle na cidade, mas fiquei feliz de perceber que mais da metade dos cães que vi eram sem raça definida, provavelmente adotados.

E foi isso. Alguém mais foi pra lá e teve alguma outra impressão diferente da minha?

Um beijo, mamis (também conhecida como Mari Siebert)